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Sou simples e complicada. Fácil e difícil. Organizada e bagunceira. Falante e silenciosa... mas quem é só uma coisa?

quinta-feira, 18 de maio de 2023

POESIAS DIVERSAS

 Autoria: Mario Quintana

“O Verão é um senhor gordo, sentado na varanda,

Suando em bicas e reclamando cerveja.

O Outono é um tio solteirão que mora lá em cima no sótão

E a toda hora protesta aos gritos:

“Que barulho é este na escada?!”

O Inverno é um vovozinho trêmulo, com a boina enterrada até os olhos,

a manta enrolada nos queixos e sempre resmungando: “Eu não passo deste Agosto, eu não passo deste Agosto…”

A Primavera, em contrapartida

– é ela quem salva a honra da família! – é uma menininha pulando corda,

Cabelos ao vento pulando e cantando debaixo da chuva

Curtindo o frescor da chuva que desce do céu

O cheiro de terra que sobe do chão

O tapa do vento na cara molhada! (…)”

 

 

Autoria: Mario Quintana

Deixa-me seguir para o mar

Tenta esquecer-me... Ser lembrado é como

evocar-se um fantasma... Deixa-me ser

o que sou, o que sempre fui, um rio que vai fluindo...

 

Em vão, em minhas margens cantarão as horas,

Me recamarei de estrelas como um manto real,

Me bordarei de nuvens e de asas,

Às vezes virão em mim as crianças banhar-se...

 

Um espelho não guarda as coisas refletidas!

E o meu destino é seguir... é seguir para o Mar, as imagens perdendo no caminho...

Deixa-me fluir, passar, cantar...

toda a tristeza dos rios é não poderem parar!

 

 

 

 

 

 

 

Autoria: Mario Quintana Seiscentos e Sessenta e Seis

A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa.

Quando se vê, já são 6 horas: há tempo…

Quando se vê, já é 6ª-feira…

Quando se vê, passaram 60 anos!

Agora, é tarde demais para ser reprovado…

E se me dessem – um dia – uma outra oportunidade,

Eu nem olhava o relógio

Seguia sempre em frente…

E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas.

 

 

Autoria: Mario Quintana

Presença

É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,

Teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento

Das horas ponha um frêmito em teus cabelos…

É preciso que a tua ausência trescale

Sutilmente, no ar, a trevo machucado,

As folhas de alecrim desde há muito guardadas

Não se sabe por quem nalgum móvel antigo…

Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela

e respirar-te, azul e luminosa, no ar.

É preciso a saudade para eu sentir

Como sinto – em mim – a presença misteriosa da vida…

Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista

Que nunca te pareces com o teu retrato…

E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te.

 

Autoria: Mario Quintana Bilhete

Se tu me amas, ama-me baixinho

Não o grites de cima dos telhados

Deixa em paz os passarinhos

Deixa em paz a mim!

Se me queres,

Enfim,

Tem de ser bem devagarinho, Amada,

Que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...

 

Autoria: Vinicius de Morais A Rosa de Hiroshima

Pensem nas crianças

Mudas telepáticas

Pensem nas meninas

Cegas inexatas

Pensem nas mulheres

Rotas alteradas

Pensem nas feridas

Como rosas cálidas

Mas oh não se esqueçam

Da rosa da rosa

Da rosa de Hiroshima

A rosa hereditária

A rosa radioativa

Estúpida e inválida.

A rosa com cirrose

A antirrosa atômica

Sem cor sem perfume

Sem rosa sem nada.

 

 

 

 

 

 

 

 

Autoria: Vinicius de Morais  Soneto de Fidelidade

De tudo ao meu amor serei atento

Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto

Que mesmo em face do maior encanto

Dele se encante mais meu pensamento.

 

Quero vivê-lo em cada vão momento

E em seu louvor hei de espalhar meu canto

E rir meu riso e derramar meu pranto

Ao seu pesar ou seu contentamento

 

E assim, quando mais tarde me procure

Quem sabe a morte, angústia de quem vive

Quem sabe a solidão, fim de quem ama

 

Eu possa me dizer do amor (que tive):

Que não seja imortal, posto que é chama

Mas que seja infinito enquanto dure.

 

 

Autoria: Vinicius de Morais

Pela luz dos olhos teus

Quando a luz dos olhos meus

E a luz dos olhos teus

Resolvem se encontrar

Ai que bom que isso é meu Deus

Que frio que me dá o encontro desse olhar

Mas se a luz dos olhos teus

Resiste aos olhos meus só p’ra me provocar

Meu amor, juro por Deus me sinto incendiar

Meu amor, juro por Deus

Que a luz dos olhos meus já não pode esperar

Quero a luz dos olhos meus

Na luz dos olhos teus sem mais lará-lará

Pela luz dos olhos teus

Eu acho meu amor que só se pode achar

Que a luz dos olhos meus precisa se casa

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