O DONO DA
BOLA – Profª MARIZA – SALA DE LEITURA
O nosso time estava cheio de amigos.
O que nós não tínhamos era a bola de futebol. Só bola de meia, mas não é a
mesma coisa.
Bom mesmo é bola de couro, como a do
Caloca.
Mas, toda vez que nós íamos jogar com
Caloca, acontecia a mesma coisa. E era só o juiz marcar qualquer falta do
Caloca que ele gritava logo:
– Assim eu não jogo mais! Dá aqui a
minha bola!
– Ah, Caloca, não vá embora, tenha
espírito esportivo, jogo é jogo…
– Espírito esportivo, nada! – berrava
Caloca. – E não me chame de Caloca, meu nome é Carlos Alberto!
E assim, Carlos Alberto acabava com
tudo que era jogo.
A coisa começou a complicar mesmo,
quando resolvemos entrar no campeonato do nosso bairro. Nós precisávamos
treinar com bola de verdade para não estranhar na hora do jogo.
Mas os treinos nunca chegavam ao fim.
Carlos Alberto estava sempre procurando encrenca:
– Se o Beto jogar de centroavante, eu
não jogo!
– Se eu não for o capitão do time,
vou embora!
– Se o treino for muito cedo, eu não
trago a bola!
E quando não se fazia o que ele
queria, já sabe, levava a bola embora e adeus, treino.
Catapimba, que era o secretário do
clube, resolveu fazer uma reunião:
– Esta reunião é para resolver o caso
do Carlos Alberto. Cada vez que ele se zanga, carrega a bola e acaba com o
treino.
Carlos Alberto pulou, vermelhinho de
raiva:
– A bola é minha, eu carrego quantas
vezes eu quiser!
– Pois é isso mesmo! – disse o Beto,
zangado. – É por isso que nós não vamos ganhar campeonato nenhum!
– Pois, azar de vocês, eu não jogo
mais nessa droga de time, que nem bola tem.
E Caloca saiu pisando duro, com a
bola debaixo do braço.
Aí, Carlos Alberto resolveu jogar
bola sozinho. Nós passávamos pela casa dele e víamos. Ele batia bola com a
parede. Acho que a parede era o único amigo que ele tinha. Mas eu acho que
jogar com a parede não deve ser muito divertido.
Porque, depois de três dias, o Carlos
Alberto não aguentou mais. Apareceu lá no campinho.
– Se vocês me deixarem jogar, eu
empresto a minha bola.
Carlos Alberto estava outro. Jogava
direitinho e não criava caso com ninguém.
E, quando nós ganhamos o jogo final
do campeonato, todo mundo se abraçou gritando:
– Viva o Estrela-d’Alva Futebol
Clube!
– Viva!
– Viva o Catapimba!
– Viva!
– Viva o Carlos Alberto!
– Viva!
Então o Carlos Alberto gritou:
– Ei, pessoal, não me chamem de
Carlos Alberto! Podem me chamar de Caloca!
Nenhum comentário:
Postar um comentário